O Arco-Íris é de todas as pessoas

A poesia é bonita e a melhor forma de usá-la é para espalhar a igualdade, não para fundamentar nem disfarçar o ódio por quem é diferente. Afinal, é isso que todas as pessoas querem: não ter mais nem menos, ser igual em direitos. O objetivo delas não é criar uniformidade social, em caraterísticas ou personalidade. E é também isso que move o movimento de reivindicação dos direitos das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo (LGBTI+): a igualdade de direitos.

O arco-íris não é propriedade de ninguém, nem mesmo as suas cores, a não ser da mãe-natureza. Serviu de inspiração para vários movimentos e até mesmo para Gilbert Baker, amigo de Harvey Milk. A bandeira arco-íris foi projetada em 1978, em São Francisco. Não foi uma manobra de marketing como alguns dizem, foi sim uma forma de simbolizar o movimento, a luta de gerações e a diversidade da população. A luta ainda continua e a bandeira arco-íris nunca fez tanto sentido como hoje. E amanhã fará ainda mais.

Até porque, é verdade sim, já se viu alguém gabar-se de ser hetero. A diferença é que esse orgulho hetero não é motivado por sentimentos de vergonha e de discriminação, mas sim pela supremacia em relação ao género ou às orientações sexuais que não são norma. Esta forma de se gabar dos seus privilégios heterossexuais é tão subtil que nem sempre é percetível. Quem nunca viu um homem gabar-se da sua masculinidade?

A homossexualidade não é uma seita para ter ou não aderentes. Há, hoje, um aumento da liberdade individual e, por isso, uma oportunidade para a autodescoberta. Há algo que é preciso deixar bem claro: reivindicar direitos humanos, para que estes sejam reconhecidos, não são exigências. São lutas para pessoas guerreiras e corajosas: para quem vê os seus direitos ameaçados. O preconceito, o estereótipo, a confusão e a falta de respeito não está nas crianças, está nas pessoas adultas. Porque a identidade de género ou a homossexualidade é tão comum e normal como um arco-íris.

A luta é de todas as pessoas independentemente do seu estatuto socio-económico, da sua orientação sexual, identidade de género, idade, etnia ou crenças religiosas e/ou políticas. É possível Viver na Diferença.

Emanuel Caires