Abril atraiçoado no Funchal

A minha cidade abriu-se à comemoração de Abril há TRÊS anos com participação de TODOS na Assembleia Municipal, facto que é meritório de saudação. Mas, enquanto se dava esse passo, o edil funchalense congeminava a traição na sua equipa em 2014, que pouco tempo depois viria a ser materializada, num dos episódios mais indecorosos da história recente do nosso municipalismo regional. O Abril pleno nesta autarquia nascia assim, manchado. Duma esperançosa Mudança transitou-se rapidamente para uma fundada Desconfiança que continua a defraudar penosamente os funchalenses. Não há Abril enquanto se expurgam funcionários por razões subjectivas ou políticas. Não há Abril, quando se paralisa a maior autarquia da Região, sob o pretexto de sanar dívidas antigas, ao mesmo tempo que se jorram fartos recursos, à maior campanha de propaganda já vista nesta cidade, apenas para satisfação dum ideário pessoal de vaidade, e poder. Uma vaga agiganta-se no horizonte com a cumplicidade do actual Governo da República, que atropela os autonomistas e consequentemente uma das maiores conquistas que Abril nos trouxe: a Autonomia Regional e a capacidade de escolhermos NÓS, os nossos representantes, tal como a União Nacional do Dr. Salazar nos negava. Domesticar informação panfletária num lado, e exigir a demissão dum director de jornal do outro, salta muito à vista. Pregar publicamente a transparência, e exercitar a protelação e opacidade junto de quem tem a missão de fiscalizar a actividade do executivo, não é sério.

Não há Abril quando se coloniza uma autarquia com uma clientela, que vai garantir apoio político em próximas etapas de ambição.

E são estas as movimentações por detrás do biombo, que revelam que as conquistas de 25 de Abril, temperadas pelo 25 de Novembro, não estão acauteladas, as quais nos devem impelir a que estejamos atentos a certos apetites e recandidaturas mascaradas, que mais não passam, do que simples trampolins, com intuitos e agendas não reveladas abertamente ao Povo. Comemorar Abril não é evocar apenas o passado com lugares comuns e frases de circunstância. É estar alerta e denunciar estranhas cumplicidades que perigam a democracia, a autonomia e também o Poder Local. Comemorar Abril é assim fazer justiça a todos aqueles, que antes desbravaram o caminho da liberdade, tendente a uma cidadania plena, contra a nova e enganosa ditadura da propaganda.

Como dizem os “revolucionários” cuja língua o gato comeu, na governação da Câmara: rua com os traidores e seus servos!

Donato Macedo