Desporto

Nicky Hayden, o último herdeiro da dinastia norte-americana do motociclismo morreu

None

Nicky Hayden, “The Kentucky Kid”, viveu no limite, afirmando-se como o derradeiro grande nome do motociclismo norte-americano, com o título de campeão de MotoGP conquistado em 2006, mas, ironicamente, foi de bicicleta que perdeu a vida, aos 35 anos.

Hayden, herdeiro mais bem-sucedido de uma família da ampla tradição motociclista -- tanto o pai Earl, como os irmãos Roger e Tommy correm em diferentes competições nos Estados Unidos -, não resistiu aos ferimentos graves que sofreu ao ser atropelado, a 17 de maio, quando andava em bicicleta em Rimini (Itália), próxima paragem do Campeonato do Mundo de Superbikes.

Do norte-americano, que atingiu o expoente máximo da carreira com o título mundial na categoria rainha do motociclismo em 2006, recordam-lhe a postura ‘cool’, o desportivismo, os gestos de generosidade, como aquele que teve para com Valentino Rossi no seu grande prémio de despedida: em vez de ceder à emoção, aproximou-se do italiano, que tinha acabado de perder o título mundial, e consolou-o.

O miúdo, que nasceu a 30 de julho de 1981, em Owensboro, no Kentucky, estreou-se no Mundial de MotoGP em 2003, ao comando de uma Honda, e com o ‘peso’ de ser uma das promessas mais seguras da última fornada do motociclismo norte-americano, então fortemente representado por Kenny Roberts Jr., campeão mundial de 500cc em 2000, Colin Edwards e John Hopkins.

Extrovertido e simpático, “The Kentucky Kid” estava destinado a ser piloto: começou no motociclismo aos três anos e um ano mais tarde já corria, seguindo religiosamente, pela televisão, os seus ídolos da época. Aos 11 anos, disputou a sua primeira prova de velocidade com uma ‘minibike’ e, aos 16, já era profissional.

Hayden chegou à categoria rainha, depois de se ter sagrado o mais jovem vencedor do campeonato norte-americano de Superbikes, para ser o companheiro de equipa de Rossi e para abraçar o dorsal 69, o mesmo que o seu pai costumava usar -- a justificação, segundo Earl, era que o número era o único que se conseguia ler da mesma maneira, visto de cima ou de baixo.

No primeiro ano no MotoGP, terminou o campeonato em quinto, um feito que lhe valeu o prémio de ‘rookie’ do ano, mas no seguinte teve uma época difícil, sendo alvo de muitas críticas.

A primeira de três vitórias chegou em 2005, em ‘casa’, no circuito de Laguna Seca, e o único título um ano depois, à frente de Rossi, o pentacampeão em título. A partir daí, nada foi igual: apesar de a sua moto estar equipada com o número 1, Hayden não mais descobriu a fórmula do sucesso, ficando sucessivamente fora do ‘top 5’ do Mundial (o sexto lugar de 2008 foi o seu melhor resultado).

Depois de uma trajetória de 12 anos no MotoGP, de 2003 a 2008 na Honda, entre 2009 e 2013 na Ducati, e nas duas derradeiras temporadas numa Honda satélite, Hayden, com problemas numa mão, mudou-se para o Mundial de Superbike em 2016 e por lá ficou até agora.

Hoje, o norte-americano, que estava há cinco dias internado em estado grave, com danos cerebrais e com prognóstico reservado, deixou de lutar.